segunda-feira, 13 de agosto de 2018

A formação pessoal e social nos educadores de infância

"A Formação Pessoal e Social é uma área transversal, na medida em que todas as vivências diárias e todas as componentes curriculares podem e devem incutir nas crianças valores, os quais farão delas adultos conscientes, capazes e autónomos, resolvendo progressivamente determinadas situações que surgem ao longo da sua vida.
Nesta área pretende-se que a criança ao socializar com outras crianças e com os adultos que a rodeiam, ao mesmo tempo que é influenciada e cria a sua própria identidade, também ela troque experiências e influencie os que a rodeiam.
Ao ter noção do que é certo e errado, adquire noção dos seus direitos e das suas obrigações perante os outros e interioriza regras de conduta e de convívio em sociedade.
Esta área também engloba a autonomia na alimentação e na higiene, a forma como aprende a utilizar os espaços e os materiais que a rodeiam, valorizando os outros e tomando as suas próprias decisões.
Mas como podemos nós, educadores contribuir para um bom desenvolvimento nesta área? Aqui ficam algumas ideias:
  • Deixar a criança adquirir conhecimento através da sua própria ação, a aprendizagem ativa, ou seja, partindo dos seus interesses incentiva-a na descoberta, ao mesmo tempo que estimula a boa imagem que cria de si própria. Na prática pedagógica, a criança é o centro da aprendizagem, participando colaborando e manifestando os seus interesses, ao mesmo tempo que exercita a sua iniciativa e autonomia;
  • Favorecer o prazer que as crianças têm pela descoberta, pela pesquisa, através da qual realizam um conjunto de aprendizagens. Assim sendo, neste processo vão com certeza adquirir diversas competências e saberes;
  • Promover e apoiar as diversas atividades lúdicas, acompanhando jogos e brincadeiras, de acordo com as áreas de conteúdo numa perspetiva integrada. Devemos sempre valorizar os conhecimentos e conteúdos que as crianças já trazem e criar-lhes um ambiente estimulante e seguro, de forma a que se construam aprendizagens significativas.
Mas, a perspetiva da aprendizagem só é possível através do tempo, visto que no dia-a-dia as crianças necessitam de tempo para a ação, relação e descoberta de si próprias, assim como para a descoberta de todos os que a rodeiam.

Viver o Tempo
Cada criança é um ser único e individual e por isso cada uma delas tem o seu próprio ritmo de estruturação emocional, cognitivo e ainda social. Devemos por isso respeitar o ritmo de desenvolvimento de cada criança, pelo que a sua vivência do tempo é a melhor forma  para que ela se sinta única, valorizada e aceite.
A organização e sequência temporal deve comtemplar momentos de satisfação das necessidades, ao mesmo tempo que se cria uma rotina diária coerente. Assim sendo, e no seu dia-a-dia, a criança pode e deve ter oportunidade de comunicar, conversar, planear as atividades que deseja realizar, colocar em prática os seus objetivos, brincar no jardim, realizar momentos de higiene, alimentar-se e por fim descansar.
"As referência temporais são securizantes para a criança e servem como fundamento para a compreensão do tempo: passado, futuro; contexto diário, semanal, mensal, anual," In OCEPE (1997)
Esta rotina é fundamental pois baseia-se na repetição de atividades e ritmos, na organização espácio temporal da sala, ao mesmo tempo que desempenha importantes funções na configuração do contexto educativo.
A rotina é uma referência, pois assim que é apreendida dá à criança e ao educador uma enorme liberdade de ação. Na creche, a rotina tem um papel importante, visto que é através dela que a criança adquire segurança. Ela aprende a existência de fases e os seus nomes e, assim sendo, torna-se muito mais segura e dona do seu próprio tempo.
A rotina contribui ainda para o desenvolvimento da criança, pois através dela aprende a organizar-se, a ter conhecimento da realidade e ainda a utilizar a sua autonomia, tomando as suas próprias decisões. A rotina é também fundamental para o educador, na medida em que lhe permite uma melhor gestão do tempo, tendo a hipótese de ser flexível e dar liberdade de escolha e de ação à criança.
Nesta área de conteúdo muito se aprende e é através de atividades simples, como brincar na casinha ou realizar um jogo de encaixe, que se adquirem conteúdos tão importantes e fundamentais como partilha, companheirismo, trabalho de equipa, respeito e ainda autonomia.
A nós Educadores cabe então a tarefa de poder acompanhar as crianças nestas importantes descobertas que as conduzirão a um futuro com certeza muito mais autónomo e feliz."

Florêncio Dina, a  formação pessoal e social nos educadores de infância, Coisas de Criança, Nº 33, Setembro 2010.

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